sexta-feira, 9 de julho de 2010

Lâmina d'água


As formas que escolho para expressar idéias e vontades, reconheço, não são as melhores. E tampouco há em mim qualquer ilusão sobre conteúdo, virtudes e defeitos. Sei deles. Convido com eles. Sou eles. E quanto aos adjetivos proferidos por seus lábios, tomo-os por fiéis à minha imagem tamanho seu conhecimento sobre mim - não irei discordar.

Sou transparente. E quando quero esconder-me atrás de qualquer aparência, argumento ou razão, fracasso. Chego a ser tão correto que mesmo inconscientemente não consigo trair minha virtude. Não consigo fazer-me outro. E apesar de minhas intenções iniciais, felicito-me por tal feito. Em essência serei sempre o mesmo.

Inconstante e confuso que sou, gostaria de mais uma vez versar sobre meu eu, que permite variações na forma e no jeito, mas que mantém o que é de verdade à sete chaves. Imutável pelo vai e vem de minhas ondas e pela temperatura de minhas partículas.

Como uma lâmina d'água, sou translúcido, visível, raso e evidente, porém misterioso e inesperado como qualquer gota do oceano.

Peço as mais sinceras e profundas desculpas por isso.

3 comentários:

Nathália Azevedo disse...

Lâminas d'água, estou ainda hipnotizada com a expressão.

#palmas, Celo!

Bruna B disse...

Vejo que pedir desculpas continua sendo um hábito, pare com isso, você não deve desculpas a ninguém!
POADKFOPSD

Bruno Batiston disse...

Muito bom! Nem precisa pedir desculpas... É mais interessante assim, afinal.