terça-feira, 1 de junho de 2010

Para uso postal


Uma esquina. Uma placa alta, simples e em perfeita harmonia com o cenário. No alto, um fundo branco e uma caligrafia negra simetricamente disposta. Letras garrafais que não consigo ler. Infelizmente.

Meus pés pisam lajotas sem cor, pisos coloridos, pedras, asfalto. Ou será terra e barro? Não vejo, não sinto, não sei. Chão duro e mole. Tudo ao mesmo tempo. Mas não desisto, não me entrego. As respostas, assim como as perguntas, um dia também serão minhas.

Espero.

A minha frente, uma calçada que quase toca céu e terra. Dos lados, muros desgastados, inexpressivos, impenetráveis. E um movimento quase nulo na rua: um ruido baixo, uma identidade não autêntica. Pistas ausentes para te encontrar.

De longe, um grave aroma. Seu perfume? Doce. Suave. Forte. Fraco. Tenho dúvida. Muita dúvida. Por horas, sinto um cheiro frio e leve. Por outras, o calor invade meus sentidos. Uma presença graciosa a ponto de inebriar minhas certezas. Um rosto que queria por demais poder tocar.

E também é assim com sua voz. Alta, baixa... Mas sempre harmoniosa. Um porto seguro. O meu desconhecido e distante porto seguro. Sem endereço e sem referenciais.

E, ao léu, segue meu desejo: sem qualquer abrigo e proteção.

3 comentários:

Andrea disse...

Oww.. vc é muito bom, Marcelo!!! =)

Nathália Azevedo disse...

Arrasou, Celo!
Sei como é sentir cada uma das tuas letras.

Parabéns sempre, menino das vergonhas! HAHAHH

Beijo!

Juliana Luz disse...

Muito bom.... Parabéns.