sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cansei!


- Pra mim chega! - Disse ele. - Direto e claro como um título, meu eu está cansado, sem vida. Fui consumido pela distância entre meu corpo e o dela, entre nossas bocas. Fui corrompido pela seca que arde em meu peito e pela ausência que insiste em ocupar meu mundo. Não sei mais o que esperar para tê-la de volta. Estou sob um fardo pesado e invisível que envolve minhas entranhas e torna difícil o menor movimento, inútil a menor tentativa. Não sei mais o que sou. Sou ainda alguém, alias?

Ele olhou dentro dos meus olhos com um enorme pesar. De repente, pareceu achar graça de algum pensamento e esboçou um sorriso. Mas logo seu rosto voltou a tencionar e ele prosseguiu:

- Sabe o que é pior? - Uma pausa dramática para potencializar suas próximas palavras - Apesar da dor ou da força de qualquer saudade, o sentimento prevalece. Eu a amo. Realmente a amo.

Virei o rosto e fitei o horizonte. De início, deixei o silêncio falar por mim, retardando ao máximo a ânsia de tecer qualquer comentário. Depois, escolhi cuidadosamente cada palavra e disse o que realmente queria dizer:

- É. Eu sei muito bem como é se sentir assim.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que maneiro cara! =D
Voce que fez ou tirou de algum livro?
Se tirou de algum livro me diga qual, quero comprar. Gosto mto de livros assim.
Abraço!

Anônimo disse...

E compreender sinceramente a dor do outro é a essência de aproximar os corações que compartilham e sofrem com semelhanças. Com isso, as palavras tornam-se suficientemente fortes, mas não tanto quanto nosso ato de estar lá.

Sempre ao lado.

Criis disse...

Sei bem o que é isso...

Esse texto é realmente incrivel!

Bjos