quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sempre ele


Sete horas da noite.

Ele não sabia mais o que fazer e decidiu sair de casa. Calçou seu tênis menos surrado, vestiu sua camisa favorita e não voltou atrás. Bateu a porta da frente com força e avançou sem olhar para qualquer um dos lados. Para nenhuma placa ou pessoa.

Com o coração saindo pela boca, fitava o horizonte. Possuía olhos ausentes e inexpressivos, escondia suas mãos nos bolsos da calça e caminhava a passos largos e levemente acelerados.

Não tinha um rumo.

Quando recuperou parte da sensibilidade na ponta dos dedos - perdida com o choque sofrido há poucos instantes - cravou as unhas na carne em busca de alento. O torpor de seu corpo não interessava mais. Ele buscava outra dor para ocupar sua mente e sentir-se vivo.

Queria ter certeza de que aquilo tudo era real.

Perdido em pensamentos, seguia com uma fisionomia fria e dura enquanto lembrava do primeiro olhar, do primeiro beijo. Baixava levemente as pálpebras enquanto a sensação do primeiro toque subia por suas costas e forçava os dentes quando as últimas palavras inundavam seus ouvidos.

Ele realmente não queria ouvir.

Mas não fora ele quem sempre amou mais?
Não fora ele quem sempre se importou e acreditou mais?

Ironia.
Seria ele também quem sofreria mais no fim.

Sempre ele.
Só e vazio.

Acompanhado apenas de saudade e pesar no peito.

16 comentários:

Maria Midlej disse...

terminar as coisas nunca é fácil, menos ainda quando a gente não quer e custa aceitar, né?

Fiquei imaginando uma cena de crime, enquanto lia. Pensei que ele tinha sido atacado, daí matou alguém e se arrependeu e fugiu... e aí no final eu percebi que eu viajo demais e que preciso aprender a esperar os finais pra imaginar as cenas.
UAHAUHAUHAUAHUAHAU
mas ok.

Isso me fez pensar nisso de ''amar mais'' sempre tem alguém que é mais né? Eu acho isso uma porra, quando sou eu esse alguém. E na verdade eu acho que nos poucos amores que eu conheci, sempre fui o ''mais''. rs


Posso falar? Amei o final, não sei bem por quê, mas eu achei tão verdadeiro.. rsrs

Clara disse...

Esse é um tipo de coisa que não me importo, sabe? Ser a que ama mais, importa mais e sofre mais. Acho que o importante é saber que fez o máximo que pôde.

beijo

Jeniffer Yara disse...

Eu já me senti assim,claro,só não vaguei por aí sozinha,mas já me senti do mesmo jeito que 'ele' se sentiu.É ruím.

Beijos

Mari. disse...

É sempre assim, né? Um é 'o mais' o outro é 'o menos'. Quero ver quando isso vira 'igual'.

**Marcelo bonitinho, feliz natal pra tu, ok? ;)

=D

brenda matos disse...

É ISSO, MARCELO!
Sempre tem um que ama mais e é justamente o que tem insônia relembrando os momentos e a dor.

Olha só você me trazendo palavras lindas a cada texto e comentário no meu blog, ein. :)

Sinto leveza em você. As palavras devem fluir com naturalidade daí de dentro, né? Eu tenho certeza que sim.

Beijo. :*

gabi disse...

eu achei que ele ia fugir de casa .-.
hihi. eu gosto quando o texto dá margem pra várias interpretações, mesmo que apenas no início.

obrigada pela visita :*

Bruno Batiston disse...

Passando simplesmente para pedir desculpas pela ausência. Tenho lido, mas tá foda expressar... rs
Vai passar. Sempre passa. "Sempre ele"

Abraço!

Marcella Leal disse...

Ás vezes eu acho que na verdade se ama igual e se sofre igual, a diferença é que uns não expressam tão fortemente quanto os outros e alguns fogem mais rapido também e conhecem outras pessoas (e ficam com a prima da amiga na festa do fim de semana e se arrependem, mas continuam deixando a ex namorada louca a ponto de quase surtar todo dia e da coitada viver a base de chá de camomila). Mas no fundo, ninguém tem um rumo e é por isso que sentimos tanta necessidade de outra pessoa.

E nossa, quanta opinião para um primeiro comentário (ele tinha razão, falo de mais), se mesmo depois disso tudo quiser ler meu blog, fique a vontade, eu adorei o seu e feliz Natal.

Camila Fontenele disse...

Me sinto um pouco ele, assim "ama mais" "se importa mais" e inevitavelmente "sofre mais" - mas vejo ele como corajoso,afinal se desprender daquilo que viveu com a gente não é fácil.

Um beijo
Feliz Natal.

;*

Mari. disse...

Tá bom, tá bom, vai ¬¬': Bonitão!
Só falei 'bonitinho' pra você não ficar metido.

Hehe!!

Besito!

=D

Charles Bravowood disse...

Pensei em algumas coisas muito minhas aqui, e pela primeira vez em um bom tempo não senti saudade. Devo estar me curando.

Sim, amar mais é sentir a dor por demais, mas dê um tempo a ti, e espere novas cores.

Abraços,

Charlie B.

Camila Fontenele disse...

Precisa-se ter coragem até para ser covarde, ver o suicida! rs

Então na verdade só tirei algumas fotos que estavam do lado, mas o glorioso café continua.. ahaha

Anita? Um dia você descobre. Ela realmente é algo mais.

Um beijo grande, feliz natal!

Maíra K. disse...

Esse é o grande problema de pessoas como eu e "ele" do texto. Sentir demais. Amar demais. Gostar demais. Sofrer demais. Somos nós que sempre levamos mais pancadas da vida. Mas uma coisa que eu tenho quase certeza é que seremos nós os maiores vitoriosos.

Beijos ;*

Maria Midlej disse...

Senti vontade de conversar, mas você não está, então eu vim aqui ler você.
Escolhi uma tag do seu blog ''arrependimentos'' rs

Acabo de redescobrir meu texto favorito daqui rs Aliás, nao sei se é o favorito, mas hoje ficou sendo
http://eu-autor.blogspot.com/2010/11/lagrimas.html

esse aqui, do namorado pedindo desculpas. e mimimi. é tão bonitinho... rs

enfim, vou continuar mais um tempo aqui.. rs

beijo, celoo ;*

Vinícius Remer disse...

a busca incessante do desconhecido, do que nos faz sentir vivos, deve ser isso a vida que não vivemos

Thayse Tsuruyama disse...

E não é que eu me esqueci de vir aqui, e agora passei um tempão lendo seus textos?

NICE