quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O dia de amanhã


No céu, cores vibrantes.

Entre anil e o branco das nuvens, transparentes e finas linhas forçavam para cima e para baixo pipas amarelas, verdes, vermelhas e azuis, em uma dança quase coreografada que preenchia o ar com magia e mistério, alegria e inspiração.

Comandadas por meninos de meia idade - nem crianças, nem adultos -, o espetáculo muito se assemelhava ao show de um ventríloquo: viam-se os tons, mas não os corpos; contemplava-se a cena, mas nunca o todo.

Invisíveis, assim, ao alto iam não apenas tons e luzes, mas também sonhos, desejos e vontades. E alheios as responsabilidades do tempo, os olhos dos garotos se perdiam ao longe em ingênuos devaneios.

No alto, fios colidiam, se abraçavam ou arrebentavam, em uma clara alusão à vida. E, juntos aos raios oriundos do sol, corriam livres risos sinceros, trazendo calor e conforto a todos em um banho de esperança.

Eram meninos simples, mas que juntos tornavam-se fortes e donos de seus destinos. Que ali encontravam sua felicidade e moldavam seus mundos às suas vontades.

Mas eram, também, ainda muito jovens para entender. E, tão logo a lua surgiu, foram todos para casa, sem saber que aquele tinha sido um dos melhores momentos de suas vidas e que um dia sentiriam saudade de tudo aquilo.

Naquela noite, dormiram e sonharam.
Sempre aguardando pelo dia de amanhã...

10 comentários:

Luna Sanchez disse...

Oi, Marcelo! =)

Que bonito esse parelelo entre os fios e os caminhos da vida, os destinos das pessoas que se encontram, se misturam, se enroscam. Gostei muito, parabéns!

Tenho uma reclamação a fazer : deveria haver a opção "Ótimo" abaixo dos posts...tive que me contentar em marcar "Bom", mas teu texto merece mais do que isto.

Um beijo.

ℓυηα

Maria Midlej disse...

E agente apesar de ter aproveitado cada instante de momentos assim, um dia sentimos que deveriamos ter pedido ''mais cinco minutinho'' né? Complicada a dúvida entre querer logo o futuro e apreciar muito muito o presente. :s Ih... Gostei do texto e da sensação de nostalgia que me passou.
Deve ser a época do ano, também. Ando saudosa. rs

:) beijo, querido.

Auricio disse...

O texto me remeteu diretamente para minha infância, e de fato, uma das melhores épocas da vida.
E a Luna fez um ótimo comentário sobre o texto...: "Que bonito esse paralelo entre os fios e os caminhos da vida, os destinos das pessoas que se encontram, se misturam, se enroscam".

Muito bom!

Abraço Marcelo!

Mari. disse...

O melhor da vida é a despretensão. É a 'ousadia' (por falta de palavra melhor) de moldar a vida sem querer, a partir dos caminhos mais simples que optamos seguir.

=D

Lu S. disse...

Achei tão mágico o ato de empinar pipa, mesmo nunca tendo aprendida a fazê-lo. Podem perguntar, mas que graça tem isso? Acho que descrevestes toda essa graça contida em tal, a de ter poder, se sentir no alto comandado a sua própria vida, coisa que crianças não podem sentir. Adorei.
beijos.

Maria Midlej disse...

HAHAHA Fui lá agora no meu blog abandonadinho sobre Marcelo e Fernanda e vi seu comentário. Que fofo você é.. >.<
HAAHAHAHAHAHA
Meu eu-lírico masculino ficou bom mesmo? Eu não sabia exatamente como fazer, daí resolvi ser uma mistura das coisas mais intrigantes dos garotos que conheci. rs funcionou, então? hahaha

beijo marcelo :D

Jeniffer Yara disse...

Que lindo.
Hoje eu sei que momentos assim,de brincadeiras de crianças fazem falta,por que hoje há mais responsabilidades e preocupações do que diversão,e momentos assim,são raros.

Muito bom o texto,o blog,amei.

Beijo

2edoissao5 disse...

quando criança eu adora ver os meninos, suas pipas (papagaios), tinha um misterio a forma como elas se moviam pelo ceu azul.

beijo!

Luna Sanchez disse...

Marcelo, passei pra deixar um beijo de bom fds! ;)

ℓυηα

Unknown disse...

É. Quando menina eu nunca pensei que sentiria saudades.